Não é fácil falar de um assunto que incomoda muita gente! DPOC, parece uma sigla qualquer. Mais é a mais aterrorizante definiçaõ que fecha um ciclo de vida lentamente. Ou seja, Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica.
Eu convivi com isso, durante os últimos doze anos em que minha mãe suportou . Não desejaria para o meu pior inimigo! ( se eu o tivesse). Mas tudo começou apenas com uma simples falta de ar, depois um internamento de treze dias, com muito corticóide, nebulizações, raios x ,tomografia, expirometria,gasometria fisioterapias. E de volta para casa tudo parecia normal, mesmo com o fatídico diagnóstico que a Pnemologista sentenciava : "SEM CURA". Porém passado alguns meses, o doente nem sempre acha que vai piorar; depende da gravidade e do sistema respiratório de cada um. Nossos problemas começaram quando descobrimos que minha mãe voltara á fumar sem nosso conhecimento. Após algum tempo, as internações repetiam-se , e não haviam pessoas disponívéis na nosssa família que aceitassem trocar o conforto dos seus lares, por uma cadeira num hospital, um banho improvisado, e sujeito a adquirir todo tipo de patologia e perdas constantes de sono. Foi crucial para mim decidir por minha vida, ou a dela. Resolvi largar tudo! passei a dividir minha casa, filha, lazer, trabalho, com sofrimento por todos os lados, constatei que vidas estavam sendo arrancadas por um vício tão egoísta , mesquinho como o tabagismo.
Os anos se passaram , a cada dia conhecia novos hospitais,postos de emergência, a companhia guerreira da minha filha, um amigo de verdade que sempre me consolava, pessoas chegando tornando-se cúmplices da mesma dor , os profissionais de saúde que se esmeraram para aliviar as tensões que fomos submetidos como um Realyte Show de lágrimas, pessoas saindo, outras definhando e partindo desta vida como mais um na estatística obituária. Mas confesso... que todo quele que se entrega de fato ao seu doente , passa a viver do mesmo sofrimento só por estar perto. Mas era imprecindível uma presença , não importava quem fosse, alguém teria que se entregar! foi tudo muito difícil porque não se perde apenas a saúde: perde-se também algumas folhas de nossa página da vida. Mas não me arrependo, nunca! Foi difícil sim, mas tenho a certeza que cada pessoa neste mundo que colaborou conosco mesmo indiretamente, tornou-se um aliado nessa escalada contra esse mal que é o tabagismo. Minha mãe partiu numa noite de Natal, ela ainda tecia planos para todos nós. Mas descansou de uma luta dolorosa, que é buscar o ar dentro de sí e não encontrar o suficiente. A DPOC nem sempre avisa que se instalou, e é um caminho sem volta que não escolhe cor, credo etc... mas você pode escolher viver sem DPOC, apenas evite qualquer tipo de fumo.
A vida de quem convive com portadores de DPOC é tão dolorosa e doentia quanto o próprio
. ( Agradecimento: Hospital Espanhol, Roberto Santos,Menandro de Farias, Eládio lassere cajj.II,Posto de cajazeiras XIII, Incoba,Ernesto Simões,Octávio Mangabeira,Samu,Vitalmed)
